sábado, 25 de julho de 2009

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)

Leitura do Segundo Livro dos Reis

(2 Re 4,42-44)

Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?» Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há-de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144 (145)

Refrão: Abris, Senhor, as vossas mãos e saciais a nossa fome.

Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturase

bendigam-Vos os vossos fiéis.

Proclamem a glória do vosso reino

e anunciem os vossos feitos gloriosos.

Todos têm os olhos postos em Vós,

e a seu tempo lhes dais o alimento.

Abris as vossas mãos

e todos saciais generosamente.

O Senhor é justo em todos os seus caminhos

e perfeito em todas as suas obras.

O Senhor está perto de quantos O invocam,

de quantos O invocam em verdade.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

(Ef 4,1-6)

Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua em todos e em todos Se encontra.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

(Jo 6,1-5)

Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?» Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?» Jesus respondeu: «Mandai sentar essa gente». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; E comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.

ESTÁ AQUI UM RAPAZITO

Provavelmente nem notámos, mas o anónimo “rapazito”que encontramos no evangelho deste Domingo é essencial para o milagre de Jesus e um elemento fundamental para a catequese que Ele quer comunicar aos seus discípulos.

João diz-nos claramente que Jesus começa por “provocar” os Doze, testando-os com perguntas que roçam a insensatez e que levam Filipe e André a declarar abertamente a insuficiência que sentem diante das necessidades daquela multidão. «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?» Não sabemos quando ou como André notou a presença (e o farnel!) deste jovem rapaz. Talvez tenha sido ele mesmo, ao ouvir a pergunta de Jesus, que resolveu aproximar-se do discípulo, para colocar a sua merenda à disposição do Mestre…

Jesus aguardava este gesto de generosidade: o milagre dos pães transforma-se agora numa ocasião única para catequizar as gentes que O seguiam. Para saciar aquela multidão “bastaria” transformar as pedras em pães. Felizmente, esse não é o estilo do Pai. Ele não quer substituir os homens, mas pede a nossa colaboração e fé. Ele quer “multiplicar”! É esse o milagre. Sem o nosso pequeno contributo a acção de Deus é inútil. Ainda que multiplicássemos mil vezes o numero zero, o resultado seria sempre igual: nada…

Muitas vezes sentimos que os nosso talentos são “coisa pouca”; que diante das necessidades do mundo não temos quase nada para oferecer. Não importa: coloquemos nas mãos de Deus aquele pouco que temos (aquele pouco que somos) e Ele multiplicará os nossos esforços e cobrirá as nossas carências. Apesar de pequenos, podemos fazer grandes coisas se, com confiança e generosidade, colocarmos nas mãos de Deus a nossa “merenda”.

(Tenham uma boa semana!)

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sábado, 18 de julho de 2009

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Livro de Jeremias
(Jer 23,1-6)
Diz o Senhor: «Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas do meu rebanho!» Por isso, assim fala o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que apascentam o meu povo: «Dispersastes as minhas ovelhas e as escorraçastes, sem terdes cuidado delas. Vou ocupar-Me de vós e castigar-vos, pedir-vos contas das vossas más acções - oráculo do Senhor. Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas de todas as terras onde se dispersaram e as farei voltar às suas pastagens, para que cresçam e se multipliquem. Dar-lhes-ei pastores que as apascentem e não mais terão medo nem sobressalto; nem se perderá nenhuma delas – oráculo do Senhor. Dias virão, diz o Senhor, em que farei surgir para David um rebento justo. Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria; há-de exercer no país o direito e a justiça. Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança. Este será o seu nome: ‘O Senhor é a nossa justiça’».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23)

Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me faltará.

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 2,13-18)
Irmãos: Foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus, vos aproximastes d’Ele, graças ao sangue de Cristo. Cristo é, de facto, a nossa paz. Foi Ele que fez de judeus e gregos um só povo e derrubou o muro da inimizade que os separava, anulando, pela imolação do seu corpo, a Lei de Moisés com as suas prescrições e decretos. E assim, de uns e outros, Ele fez em Si próprio um só homem novo, estabelecendo a paz. Pela cruz reconciliou com Deus uns e outros, reunidos num só Corpo, levando em Si próprio a morte á inimizade. Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós, que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto. Por Ele, uns e outros podemos aproximar-nos do Pai, num só Espírito.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6,30-34)
Naquele tempo, os Apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: «Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco». De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer. Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente, que eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.


FÉRIAS E DESCANSO!

No evangelho deste Domingo, escutamos Jesus que convida os apóstolos ao descanso, depois da fadiga da missão. Que bom conselho! Que boa ideia!

Esta semana também vou repousar um pouco e por isso deixo-vos um comentário preparado por outro sacerdote, o P. Vítor Gonçalves (que não conheço pessoalmente, mas cujas reflexões gosto muito de ler).


“Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco.” Mc 6, 31

A nossa relação com o tempo é uma aprendizagem difícil. Do tempo que passa depressa demais àquele que parece ter a lentidão da tartaruga estamos sempre em busca de um tempo ideal. Confundimos o urgente com o essencial, queremos a eternidade para alguns momentos e a rapidez para outros. E no meio das escolhas que fazemos, o tempo para descansar é o que mais sofre. Tem um certo ar de desperdício, de oportunidade perdida, de tempo improdutivo, e, contudo, sem descanso não é possível viver bem.

O descanso não é apenas dormir, e só isso já seria importante pois os especialistas dizem que dormimos pouco e mal. Lembro-me como a Bíblia está cheia de sonhos em que Deus fala e revela projectos para a humanidade, mas hoje dificilmente nos encontraria em sonos repousantes. Já ouvimos dizer que o dormir é um “arrumar” da biblioteca de pensamentos e sensações que povoaram o nosso estar acordados. Precisamos absolutamente desta alternância de dormir e acordar, como o nosso planeta precisa do dia e da noite. Mas descansar é mais do que dormir. É saborear o tempo como presente para nós e para os outros, é contemplar o que até julgamos conhecer só porque é visto todos os dias, é reaprender a olhar e a ouvir, é saborear o gosto de pensar e de dialogar libertos da guerra do “ganha ou perde” em que se transformam tantas conversas do quotidiano. Sem descanso facilmente nos transformamos em máquinas, cumprimos horários e atingimos objectivos, mas empobrecemos como pessoas. Julgamos evoluir e, simplesmente, perdemos aquele gosto do viver que é aceitar não dominar nem ser dono de tudo. Descansar é também passar das mãos fechadas da posse às mãos abertas da gratuidade. E vislumbrar no último desejo, “descansa em paz”, dito e escrito com dor e saudade, um tempo de plenitude e graça que é dom absoluto de Deus!

À beira de um tempo de férias sabe bem escutar o convite de Jesus dito aos discípulos no entusiasmo da sua primeira missão. O evangelho diz-nos que foi bem curto o descanso prometido: apenas uma travessia do lago. Mas teve o sabor da companhia e o contágio da compaixão pelas ovelhas sem pastor. Que melhor descanso do que estar junto de quem sabemos que nos ama? Quase poderiam cantar aquele cântico alentejano com seu ritmo calmo: “Quando Te encontro descanso / Tu reconfortas minh’alma / Cristo, Senhor, és o Guia,/ o Bom Pastor / que me conduz. / Minha vida e minha Luz.” Poderemos planear algum descanso que não seja apenas fuga do ritmo habitual e, sim, travessia do lago com Jesus ao nosso lado?

P. Vítor Gonçalves




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sábado, 11 de julho de 2009

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura da Profecia de Amós
Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 84 (85)

Refrão 1: Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor e dai-nos a vossa salvação.

Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de coração a Ele se convertem.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra.

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu.

O Senhor dará ainda o que é bom,
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 1,3-14)
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, de sua livre vontade, para sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para que fosse enaltecida a glória da sua graça, com a qual nos favoreceu em seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção, a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade: segundo o beneplácito que n’Ele de antemão estabelecera, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para servir à celebração da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo. Foi n’Ele que vós também, depois de ouvirdes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, abraçastes a fé e fostes marcados pelo Espírito Santo prometido, que é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6,7-13)
Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.


DOIS A DOIS
O Evangelho deste Domingo é muito, muito rico. Infelizmente, por motivos de tempo e de espaço, não podemos falar de tudo. Esta semana, o meu comentário gira à volta da primeira frase.

«Naquele tempo, Jesus chamou»
A iniciativa é Sua. Tal como vimos na primeira leitura, é Jesus quem escolhe, chama, convida. E não sabemos porquê; não conhecemos os critérios que influenciaram a escolha. Falar da própria vocação é sempre falar de um mistério. Porquê aqueles homens e não outros? Eram os mais inteligentes? Os mais corajosos? O Novo Testamento diz-nos que não... Eram homens “normais”. Pescadores, publicanos, zelotas... Muito diferentes uns dos outros, mas chamados para a mesma missão.

«Doze apóstolos»
“Apóstolo” significa “enviado” (do grego, απόστολος), mas porquê o número doze? Trata-se de um número simbólico. Este número lembra as doze tribos que formavam o antigo povo de Israel. Cada uma destas tribos considerava-se descendente de um dos doze filhos homens de Jacob: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim. Mas o número doze ultrapassa o significado tribal e assume uma outra conotação: a totalidade do Povo de Deus. Não são apenas “Pedro e companhia” a ser enviados em missão, mas as “doze tribos”, ou seja, todo o Povo de Deus... o “novo” Povo de Deus... portanto, nós também!

«E começou a enviá-los dois a dois»
O envio “dois a dois” pode ser explicado de várias maneiras:
Em primeiro lugar, por motivos práticos. Viajar acompanhado é mais seguro: em caso de necessidade tinham uma outra pessoa que podia ajudar e apoiar.
Em segundo lugar, é possível encontrar uma ligação entre a exigência de partir em missão “dois a dois” e as antigas leis judaicas. A legislação judaica previa que, qualquer depoimento ou anúncio carecia de credibilidade se não fosse possível encontrar, pelo menos, duas testemunhas que confirmassem a mesma versão.

Mas existe uma terceira interpretação...
O melhor testemunho não é feito de palavras mas é vida e vida em comunhão. O anúncio do Reino de Deus não é uma missão para solitários e não pode nunca renunciar à dimensão comunitária. Os verdadeiros discípulos não devem trabalhar sós. Quem anuncia o Evangelho, anuncia-o em comunhão e em nome da comunidade. Não é raro encontrar nas nossas paróquias pessoas (leigos e sacerdotes) que se doam com generosidade à missão, mas que optam por um estilo solitário de evangelização. São incapazes de colaborar com alguém e não se apercebem que um anúncio feito sem a participação dos irmãos, sem o suor e a fadiga do diálogo e do confronto, é condenado à esterilidade. “Dois a dois” não é opcional: somente em comunhão podemos construir (e anunciar) o Reino de Deus.


(Tenham uma boa semana!)


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sábado, 4 de julho de 2009

XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura da Profecia de Ezequiel
(Ez 2,2-5)
Naqueles dias, o Espírito entrou em mim e fez-me levantar. Ouvi então Alguém que me dizia: «Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel, a um povo rebelde que se revoltou contra Mim. Eles e seus pais ofenderam-Me até ao dia de hoje. É a esses filhos de cabeça dura e coração obstinado que te envio, para lhes dizeres: ‘Eis o que diz o Senhor’. Podem escutar-te ou não - porque são uma casa de rebeldes -, mas saberão que há um profeta no meio deles».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 122 (123)
Refrão: Os nossos olhos estão postos no Senhor, até que Se compadeça de nós.

Levanto os olhos para Vós,
para Vós que habitais no Céu,
como os olhos do servo
se fixam nas mãos do seu senhor.

Como os olhos da serva
se fixam nas mãos da sua senhora,
assim os nossos olhos se voltam para o Senhor nosso Deus,
até que tenha piedade de nós.

Piedade, Senhor, tende piedade de nós,
porque estamos saturados de desprezo.
A nossa alma está saturada do sarcasmo dos arrogantes
e do desprezo dos soberbos.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(2Cor 12,7-10)
Irmãos: Para que a grandeza das revelações não me ensoberbeça, foi-me deixado um espinho na carne, - um anjo de Satanás que me esbofeteia - para que não me orgulhe. Por três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas Ele disse-me: «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder». Por isso, de boa vontade me gloriarei das minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo. Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que sou forte.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6,1-6)
Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, Filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?» E ficavam perplexos a seu respeito. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.


ONDE (E QUANDO) MENOS ESPERAMOS
Pela primeira vez, desde o início do seu ministério, Jesus volta a Nazaré, a sua terra natal. É seguido por um pequeno grupo de discípulos e é precedido pelas notícias dos grandes milagres que realizou nas povoações junto às margens do mar da Galileia.

Os seus conterrâneos provavelmente ouviram como Ele libertou um endemoninhado em Cafarnaum; ou como conseguiu curar vários doentes, entre os quais, um leproso, um paralítico e até mesmo, a sogra de Simão Pedro. Com certeza não lhes escapou a notícia da ressurreição da filha de Jairo...

Porém, precisamente ali, onde o acolhimento deveria ser mais caloroso... onde Jesus não é um estranho, mas um vizinho, um amigo... ali, onde Ele cresceu, as pessoas são incapazes de reconhecer a presença do Messias.

«Não é ele o carpinteiro?». Com esta pergunta, Marcos tenta explicar-nos as razões desta rejeição. Os habitantes de Nazaré estavam convencidos de já conhecer tudo sobre Jesus: conheciam bem a família e recordavam a destreza do “messias” na carpintaria (provavelmente até tinham alguns móveis construídos por Ele). É tudo demasiado “normal”; demasiado banal! Comodamente instalados nas suas certezas e preconceitos, os habitantes de Nazaré sabiam já tudo sobre Deus e Deus não podia estar no humilde carpinteiro que eles conheciam bem…

Muitas vezes “tropeçamos” neste erro. Convencemo-nos de conhecer tudo sobre as pessoas que nos rodeiam e esquecemo-nos da incrível capacidade (e vontade) que Deus tem de nos surpreender.
Deus manifesta-Se aos homens na fraqueza e na fragilidade. Nós esperamos um Deus forte e majestoso e ele vem como um bebé numa manjedoura, como um jovem carpinteiro de uma aldeia pobre da Galileia, como um condenado à morte.

Ainda hoje, Deus chama pessoas, para serem testemunhas do seu projecto de salvação. Muitas vezes não as escutamos, pois não aceitamos que possam ter faltas ou defeitos, mas a força de Deus revela-se precisamente através da fragilidade desses instrumentos humanos que Ele escolhe e envia.

Simão Pedro, Paulo de Tarso, Agostinho de Hipona, Francisco de Assis... são alguns exemplos de como Deus escolhe revelar a Sua força onde (e quando) menos esperamos.

(Tenham uma boa semana!)


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